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Arquitetos: Atelier Poem
- Área: 10 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:David Foessel
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Fabricantes: Cavagnon et fils
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Capela das Lágrimas, do Atelier Poem, venceu o concurso internacional de arquitetura do “Festival des Cabanes” - Festival de Cabanas, na França. O volume fica isolado na paisagem natural e explora o arquétipo básico de uma capela, em sua forma espiritual e sensorial. A Capela das Lágrimas está situada em Saint-Ferréol, uma vila na montanha próxima ao lago Annecy, patrimônio mundial da UNESCO nos Alpes franceses.
A capela foi instalada à beira de um riacho, junto a trilha natural que conduz à Cascata de Fontany. O projeto de madeira foi construído pelos próprios arquitetos com a ajuda de alguns voluntários. O Atelier Poem projetou o edifício com o intuito de maximizar o aproveitamento dos recursos econômicos, cumprindo as restrições de dimensionamento impostas pelo edital, e utilizando apenas um material, a madeira.
Ao adotar a simplicidade como um contexto primordial de ponto de partida, o local do projeto dá forma à arquitetura, enquanto configura um vínculo estreito entre a natureza construída e orgânica. O edifício, concebido como uma capela de meditação leiga, encontra a sua própria dimensão neste diálogo com a natureza, como um novo ponto de vista que se abre para a cascata. Ao se aproximar, o visitante passa por uma experiência sensorial, tentando encontrar sua própria forma de se familiarizar com a capela, interagindo com o espaço e sentindo o contraste de luzes e sombras.
A capela assemelha-se a um paralelepípedo alto e estreito, cortado longitudinalmente na parte central, como se o riacho houvesse erodido a matéria durante seu curso. Trata-se de um corte de 20 cm de espessura que atravessa toda a cobertura e une às duas aberturas, que se situam nos lados menores. Estas últimas estão alinhadas, servindo respectivamente como porta de entrada e janela, que emoldura a vista da cachoeira. As laterais, paralelas ao riacho, são empenas cegas, ritmadas por uma diversidade de elementos de madeira de diferentes espessuras, em referência a floresta circundante.
O espaço interior fica aberto, exposto às alterações climáticas e aos efeitos de luz amplificados por uma sequência de pérgulas instaladas na cobertura. A construção usou madeira de abeto - as pranchas e ripas foram curadas naturalmente e fornecidas por uma serralheira local, em espessuras e tamanhos comerciais. A cobertura externa é composta por tábuas de madeira queimada e contrasta cromaticamente com o espaço interno, onde o material foi deixado natural.
A técnica de queima de lenha utilizada neste projeto é praticada na área, e permite preservar a madeira ao longo do tempo, dos agentes atmosféricos e naturais. Desta forma, o material mantém-se estável, durável e hidrofóbico, de forma totalmente natural e ecológica, sem alterar a sua estrutura interna.